segunda-feira

A Casa no Fundo do Mar



Estando à beira do abismo, Joana pensou não mais ter dúvidas à respeito de saber para onde ir. Restava-lhe, pensava ela, uma única opção: voltar. Permaneceu imóvel à beira do abismo durante um tempo que não podia precisar exatamente. Mas isto realmente importava? ela se perguntou. Em suas elucubrações viu que poderia continuar andando à beira do abismo ou talvez dar um passo a frente mergulhando naquele mar de profundas águas violetas. Foi o fez. Durante o vôo sentiu o vento quente entrando pelas narinas, o que lhe trouxe a lembrança das brincadeiras ao redor das fogueiras de São João, os estalidos da madeira queimando, as brasinhas subindo aos céus como estrelinhas...Plaft! Silêncio. Escuridão... um ligeiro arrepio e eis que surge diante de seus olhos uma linda casinha feita de corais e conchas coloridas. Nadou apressadamente em sua direção, mas algo estranho agora acontecia; a linda casinha estava cada vez mais distante...cada vez mais distante...De repente lembrou-se daquele que por vezes já lhe tinha ajudado nestas questões insolúveis da vida: O seu espírito. O espírito da Joana, sim foi o que fez. Chamou seu espírito e entregou-lhe o problema, pois se era ele que via o agora, o antes, o depois, devia ter visão bem clara da situação que ela agora se deparava. Joana então relaxou deixando a água correr, o corpo flutuar e eis que então o que viu deixou-a surpresa. A casa que vira tão linda no fundo do mar estava sobre uma ilhota que, agora compreendia ela, refletia-se no fundo deste mar que ela tanto amava.
Joana ultimamente tem pensado seriamente em mudar-se para o Sol onde mora seu primo Aristeu.